Cara e Máscara, Corpo e Escritura
marcas em Eliane Potiguara
DOI:
https://doi.org/10.17851/1982-0739.24.3.149-160Palavras-chave:
Literatura Indígena, Eliane Potiguara, Mulher Indígena, Corpo, EscritaResumo
A construção cultural e identitária esfacelada da escritora Eliane Potiguara pode ser entendida como fruto da problemática do contato das nações indígenas com os demais membros da sociedade brasileira. Por isso, esta pesquisa tem como objetivo compreender as relações entre as assimetrias da autoafirmação e da condição étnica e feminina da autora – que está inserida no limiar entre culturas indígenas e ocidentais – com o seu fazer literário fragmentado na obra Metade Cara, Metade Máscara (2004). Antes da análise proposta, expusemos breves considerações sobre as especificidades da escritora indígena dentro do contexto da colonização que atingiu o Brasil e toda a América Latina. Além disso, discutimos, brevemente, a respeito das questões de violência relacionadas ao corpo feminino indígena e ao território. Com isso, compreendemos que é possível a aproximação das particularidades que envolvem a constituição da identidade indígena, feminina e culturalmente múltipla da autora com o seu processo de criação literária.Referências
ARFUCH, Leonor. O Espaço Biográfico: dilemas da sociedade contemporânea. Trad. Paloma Vidal. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2010.
CAMPOS, Haroldo de. Da razão antropofágica: a Europa sob o signo da devoração. Revista Colóquio Letras, n. 62, julho, 1981.
CORNEJO-POLAR, Antonio. O condor voa: literatura e cultura latino-americana. Trad. Ilka Vale de Carvalho. Belo horizonte: UFMG, 2000.
CUSICANQUI, Silvia Rivera. Violencias (re) encubiertas en Bolivia. La Paz: Editorial Piedra Rota, 2010.
FEREDICI, Silvia. Calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. Trad.: Coletivo Sycorax, 2004. Disponível em: < http://bibliopreta.com.br/wp-content/uploads/2018/01/ Federici-SIlvia-Caliba-e-a-bruxa_pdf-1.pdf>. Acesso em: 01 set. 2018.
FRANCO, Jean. Si me permiten hablar: La lucha por el poder interpretativo. In: ACHUGAR, Hugo; BEVERLY, John (Ed.). La voz del otro: testimonio, subalternidad y verdad narrativa. Guatemala: Universidad Rafael Landívar, 2002. Disponível em: <https://perio.unlp.edu.ar/catedras/system/files/franco._la_lucha_ por_el_poder_interpretativo.pdf>. Acesso em: 04 abr. 2018.
GARCÍA CANCLINI, Néstor. Diferentes, desiguais e desconectados: mapas da interculturalidade. 3ª ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2009.
GRAÚNA, Graça. Contrapontos da literatura indígena contemporânea no Brasil. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2013.
MIGNOLO, Walter. Pensamento liminar e diferença colonial. In: MIGNOLO, Walter. Histórias locais/projetos globais: Colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar. Belo Horizonte: UFMG, 2003.
POTIGUARA, Eliane. Metade Cara, Metade Máscara. São Paulo: Global, 2004.
POTIGUARA, Eliane. Sobre a escritora. In: Literatura Indígena – Um pensamento brasileiro. Disponível em: http://www. elianepotiguara.org.br/. Acesso em: 11 abr. 2019.SANTIAGO, Silviano. Uma literatura nos trópicos: ensaios sobre dependência cultural. 2. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.
SEGATO, Rita L. La guerra contra las mujeres. Madrid: Edición: Traficantes de Sueños, 2016.
SEGATO, Rita L. Uma agenda de ação afirmativa para as mulheres indígenas no Brasil. Série Antropologia, n. 326. Brasília: Departamento de Antropologia/Universidade de Brasília (UnB), 2003.
SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar? 1. ed. Trad. Sandra Regina Goulart Almeida; Marcos Pereira Feitosa; André Pereira. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2010.