O chamado órfico da literatura
as desastrosas imagens da impossibilidade na obra Moby Dick
DOI:
https://doi.org/10.17851/1982-0739.26.3.218-231Palavras-chave:
Moby Dick, Blanchot, Chamado órfico da literaturaResumo
Com o intuito de problematizar as imagens que defletem a impossibilidade de a literatura chegar a um termo, figurando como escrita errante, inútil e sem-fim cotejaremos as vicissitudes de algumas particularidades da obra Moby Dick, de Melville. Nesse sentido, questionaremos, sob a perspectiva blanchotiana (2005; 2001; 1997; 1987), de que forma as imagens da impossibilidade figuram em torno do aniquilamento: do autor, tornado refém da própria escrita, que se absolutiza; da desordem do cânone clássico, diluído num discurso caótico e na fragmentação e dispersão da escrita, nos quais vozes, identidades e instituições desestabilizam-se enquanto totalidade teleológica e universal; e da rarefação das ideologias burguesas, relativizadas pela crítica da palavra útil e pela abertura da obra à escrita do anódino, desautorizado e sem-sentido.
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