Melusina e “Bela das brancas mãos”
um diálogo intertextual
DOI:
https://doi.org/10.17851/1982-0739.27.1.315-329Palavras-chave:
Marina Colasanti, Melusina, Literatura ComparadaResumo
Este artigo tem como objetivo refletir sobre o diálogo entre o conto “Bela, das brancas mãos”, presente em Longe como o meu querer, de Marina Colasanti (2008), e a lenda de Melusina, atentando para a especificidade de cada texto, assim como para valores e mentalidades das épocas em confronto. Busca-se compreender as relações dialógicas entre literatura, história e imaginário, investigando a respeito da figura feminina e sua propensão para o libidinoso na visão patrística. Como metodologia, o estudo apresenta os termos da teoria e da prática do método comparativista. Com a finalidade de se investigar e interpretar os diversos pronunciamentos textuais e culturais acerca da mulher na sociedade ocidental, apresenta-se uma seleção de autores; importantes por suas recorrências temáticas a respeito da tradição mediévica e sobre a mulher, a exemplo de Fonseca (2011), Jean d’Arras (1393) e Henri Donteville (1973). A ideia é examinar os diversos pronunciamentos textuais acerca da mulher nos períodos medieval e contemporâneo. Os textos foram lidos intertextualmente, uma vez que Colasanti parece retomar o diálogo com a tradição medieval da mulher-serpente. Este estudo é produto parcial de plano de trabalho relacionado ao tema e intitulado “‘Bela, das Brancas Mãos’ e o diálogo com a lenda de Melusina: as mulheres-serpentes”, com o apoio do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Língua, Literatura e Interculturalidade e da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Estadual de Goiás.Referências
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