(Re)conhecendo a sexualidade de homens adultos que cometeram ofensa sexual

Autores

Palavras-chave:

Ofensor sexual adulto, Sexualidade, Ofensa sexual, Saúde, Linha da vida

Resumo

Este texto buscou explorar o desenvolvimento sexual de homens adultos que cometeram ofensa sexual contra crianças/adolescentes e o percurso no qual a expressão da sexualidade se torna violenta. Trata-se de um estudo qualitativo de pesquisa documental realizado em uma unidade pública de saúde, sendo que o acesso às informações ocorreu por meio do instrumento linha da vida presente nos prontuários dos participantes de uma intervenção psicossocial direcionada aos ofensores sexuais. Foram analisadas as informações referentes à sexualidade e a discussão foi organizada em sentidos comuns e discordantes: iniciação sexual, preconceito – gênero e cultura –, violência sexual sofrida, afeto e sexualidade e satisfação sexual. Os resultados demonstraram as questões de gênero envolvidas na ofensa sexual de crianças e também apontaram possíveis fatores de risco de natureza sexual para o cometimento de ofensa sexual por um homem adulto. Alerta-se para a importância de se abordar a sexualidade de forma ampliada nos atendimentos a esse público.

Biografia do Autor

  • Gabriel Guedes Barbosa, Universidade de Brasília (UnB)

    In memoriam.

  • Andrea Schettino Tavares, Universidade de Brasília (UnB)

    Psicóloga, Mestranda do Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica e Cultura da Universidade de Brasília (PPGPSICC/IP/UnB), Brasília, DF.

  • Cássio Bravin Setubal, Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal

    Psicólogo, Secretaria de Estado de Saúde do Governo do Distrito Federal, Brasília, DF.

  • Liana Fortunato Costa, Universidade de Brasília (UnB)

    Psicóloga, Docente Permanente do Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica e Cultura da Universidade de Brasília (PPGPSICC/IP/UnB), Brasília, DF.

Referências

Aslan, D., Edelmann, R., Bray, D., & Worrell, M. (2014). Entering the World of Sex Offenders: An Exploration of Offending Behavior Patterns of Those with Both Internet and Contact Sex Offences Against Children. Journal of Forensic Practice, 16(2), 110-126. Doi: 10.1108/JFP-02-2013-0015.

Assini-Meytin, L. C., Fix, R. L., & Letourneau, E. J. (2020). Child Sexual Abuse: The Need for a Perpetration Prevention Focus. Journal of Child Sexual Abuse, 1-19. Doi: 10.1080/10538712.2019.1703232.

Belusso, A. (2019). Sexualidade e campesinidade: percepções e vivências de jovens em escola do campo no sudoeste do Paraná. Dissertação de mestrado. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, Paraná, Brasil. Recuperado de http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/4299.

Brasil (2013). Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes. Brasília: Secretaria de Direitos Humanos. Recuperado de http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/sedh/08_2013_pnevsca.pdf.

Cale, J., Leclerc, B., & Smallbone, S. (2014). The Sexual Lives of Sexual Offenders: The Link Between Childhood Sexual Victimization and Non-Criminal Sexual Lifestyles Between Types of Offenders. Psychology, Crime & Law, 20(1), 37-60. Doi: 10.1080/1068316x.2012.736510.

Cechinel, A., Fontana, S. A. P., Della, K. G. P., Pereira, A. S., & Prado, S. S., do (2016). Estudo/análise documental: uma revisão teórica e metodológica. Criar Educação, 5(1). Doi: 10.18616/ce.v5i1.2446.

Cossins, A. (2000). Masculinities, Sexualities, and Child Sexual Abuse. Neatherlands: Kluwer Law International.

Cossins, A., & Plummer, M. (2016). Masculinity and Sexual Abuse: Explaining the Transition from Victim to Offender. Men and Masculinities, 21(2), 163-188. Doi: 10.1177/1097184x16652655.

Costa, L. P., Cavalcante, L. C., & Reis, D. C. (2018). Autores de agressão sexual em contextos intra e extrafamiliar: revisão da literatura. Mudanças-Psicologia da Saúde, 26(2), 61-69.

Debona, T. L., Teixeira, A. N., Lima, D. J. M. M., Lemos, M., Neto, & Gontijo, R. C. (2019). O outro lado da história: um olhar sistêmico sobre os ofensores sexuais intrafamiliares. REINPEC – Revista Interdisciplinar Pensamento Científico, 4(3). Doi: 10.20951/2446-6778/v4n3a13.

Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (1940). Código Penal Brasileiro. Diário Oficial da União. Brasília, DF. Recuperado de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm.

Depraetere, J., Vandeviver, C., Beken, T. V., & Keygnaert, I. (2018). Big Boys Don’t Cry: A Critical Interpretive Synthesis of Male Sexual Victimization. Trauma, Violence & Abuse, 00(0), 1-20. Doi: 10.1177/1524838018816979.

Diamond, L. M., Bonner, S. B., & Dickenson, J. (2015). The Development of Sexuality. Handbook of Child Psychology and Developmental Science, 1-44. Doi: 10.1002/9781118963418.childpsy321.

Edley, N. (2017). Men and Masculinity: The Basics. London: Routledge.

Gerwinn, H., Weiß, S., Tenbergen, G., Amelung, T., Födisch, C., Pohl, A., Massau, C., Kneer, J., Mohnke, S., Kärgel, C., Wittfoth, M., Jung, S., Drumkova, K., Schiltz, T., Walter, M., Beier, D. M., Walter, H., Ponseti, J., Schiffer, B., & Kruger, T. H. C. (2018). Clinical Characteristics Associated with Paedophilia and Child Sex Offending: Differentiating Sexual Preference from Offence Status. European Psychiatry, 51, 74-85. Doi: 10.1016/j.eurpsy.2018.02.002.

Greenberg, J. S., Bruess, C. E., & Oswalt, S. B. (2016). Exploring the Dimensions of Human Sexuality. Burlington: Jones & Bartlett Learning.

Gunst, E., Watson, J. C., Desmet, M., & Willemsen, J. (2017). Affect Regulation As a Factor in Sex Offenders. Aggression and Violent Behavior, 37, 210-219. Doi: 10.1016/J.Avb.2017.10.007.

Hanriot, M. L. A., Garcia, M. H. C., Lara, F. C. M., & Sousa, N. A. F. (2013). Linha da vida: contando, cortando e rebordando novos caminhos. Gestão e Saúde, 4(2), 2388-2403. Recuperado de https://periodicos.unb.br/index.php/rgs/article/view/275/263.

Heffernan, R., & Ward, T. (2015). The Conceptualization of Dynamic Risk Factors in Child Sex Offenders: An Agency Model. Aggression and Violent Behavior, 24, 250-260. Doi: 10.1016/j.avb.2015.07.001.

Hillis, S., Mercy, J., Amobi, A., & Kress, H. (2016). Global Prevalence of Past-Year Violence Against Children: A Systematic Review and Minimum Estimates. Pediatrics, 137(3). Doi: 10.1542/Peds.2015-4079.

Hohendorff, J. V., Santos, S. S. D., & Dell’Aglio, D. D. (2015). Estudo de caso sobre a revelação da violência sexual contra meninos. Contextos Clínicos, 8(1), 46-54. Doi: 10.4013/Ctc.2015.81.05.

Hyde, S. J., Byers, E. S., & DeLamater, J. D. (2017). Understanding Human Sexuality (13a ed.). New York: McGraw-Hill Education.

Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990 (1990). Estabelece o Estatuto da Criança e do Adolescente. Diário Oficial da União. Brasília, DF. Recuperado de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm.

Lei n. 12.015, de 7 de agosto de 2009 (2009). Dispõe sobre os crimes hediondos. Diário Oficial da União. Brasília, DF. Recuperado de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm.

Lima, A. C. S. (2016). Levantamento das possíveis variáveis envolvidas no comportamento de abusar sexualmente de crianças e adolescentes. Dissertação de mestrado, Universidade Estadual de Londrina, Londrina, Paraná, Brasil. Recuperado de http://www.pensamientopenal.com.ar/system/files/2016/12/doctrina44518.pdf.

Martínez-Catena, A., Redondo, S., Frerich, N., & Beech, A. R. (2016). A Dynamic Risk Factors: Based Typology of Sexual Offenders. International Journal of Offender Therapy and Comparative Criminology, 61(14), 1623-1647. Doi:10.1177/0306624x16629399.

Meneses, F. F. F., Stroher, L. M. C., Setubal, C. B., Wolff, L., dos S., & Costa, L. F. (2016). Intervenção psicossocial com o adulto autor de violência sexual intrafamiliar contra crianças e adolescentes. Contextos Clínicos, 9(1), 98-108. Doi: 10.4013/ctc.2016.91.08.

Ministério da Justiça e Segurança Pública, Departamento Penitenciário Nacional (2017). Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias. Recuperado de http://depen.gov.br/DEPEN/depen/sisdepen/infopen/relatorio_2016_22-11.pdf.

Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde (2018). Análise epidemiológica da violência sexual contra crianças e adolescentes no Brasil nos anos de 2011 a 2017. Boletim Epidemiológico, 49(27). Recuperado de https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/junho/25/2018-024.pdf.

Mowat, K., Coombes, L., & Busch, R. (2016). Resituating Masculinity and Power in Preventing Child Sexual Abuse. Australian Community Psychologist, 28(1), 24-45. Retrieved from https://www.psychology.org.au/getmedia/0a66aa03-2a89-496a-8755-911263a869c5/acp-28-1-2016.pdf#page=24.

Nogueira, R. N., Costa, L. F., Passarela, C. D. F. T., & Setubal, C. B. (2020). Apreensão do sofrimento do adulto ofensor sexual em intervenção psicossocial: uma etnografia. Revista Subjetividades, 20(1), 12-03. Doi: 10.5020/23590777.rs.v20i1.e9713.

O’Leary, P., Easton, S. D., & Gould, N. (2016). The Effect of Child Sexual Abuse on Men. Journal of Interpersonal Violence, 32(3), 423-445. Doi: 10.1177/0886260515586362.

Passarela, C. D. F. T., Stroher, L. M. C., & Costa, L. F. (2019). As violências sofridas por mulheres que ofenderam sexualmente. Nova Perspectiva Sistêmica, 28(64), 47-60. Doi: 10.21452/2594-43632019v28n64a04.

Plummer, M., & Cossins, A. (2016). The Cycle of Abuse: When Victims Become Offenders. Trauma, Violence, & Abuse, 19(3), 286-304. Doi: 10.1177/1524838016659487.

Ranger, L. F. (2015). Doing Gender As an Offender: A Criminological Analysis of Offender Narratives, and the Interrelationship Between Masculinity and Child Sexual Abuse Doctoral thesis, Victoria University of Wellington, Wellington, New Zealand. Retrieved from http://researcharchive.vuw.ac.nz/handle/10063/4773.

Rossetto, K. R., & Tollison, A. C. (2017). Feminist Agency, Sexual Scripts, and Sexual Violence: Developing a Model for Postgendered Family Communication. Family Relations, 66(1), 61-74. Doi: 10.1111/fare.12232.

Said, A. P., & Costa, Á. L., Junior (2018). Polivitimização de meninos vitimizados sexualmente: uma análise documental a partir de fichas de notificação. Contextos Clínicos, 11(1), 26-36. Doi: 10.4013/ctc.2018.111.03.

Sanfelice, M. M., & De Antoni, C. (2010). A percepção do abusador sexual sobre a (sua) sexualidade. Interamerican Journal of Psychology, 44(1), 131-139. Recuperado de https://www.redalyc.org/pdf/284/28420640014.pdf.

Secretária de Estado de Saúde do Distrito Federal (2018). Subsecretaria de Vigilância Epidemiológica – Núcleo de Estudos e Programas na Atenção e Vigilância em Violência. Informativo sobre as notificações de violência interpessoal/autoprovocada na SES/DF por ciclo de vida – junho/2018. Recuperado de http://www.saude.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2018/05/INFORMATIVO-VIOLENCIA_JUN2018.pdf.

Ward, T., & Beech, A. R. (2016). The Integrated Theory of Sexual Offending – Revised: A Multifield Perspective. In D. P. Boer (Ed.). The Wiley Handbook on the Theories, Assessment and Treatment of Sexual Offending. (pp. 123-137). United Kingdom: John Wiley & Sons. Doi: 10.1002/9781118574003.Wattso006.

Wolff, L. D. S., Oliveira, E. S. D., Marra, M. M., & Costa, L. F. (2016). O recurso psicodramático na intervenção com o adulto autor de ofensa sexual. Revista Brasileira de Psicodrama, 24(2), 58-68. Doi: 10.15329/2318-0498.20160020.

World Health Organization (2014). Relatório mundial sobre a prevenção da violência 2014. Recuperado de http://nevusp.org/wp-content/uploads/2015/11/1579-VIP-Main-report-Pt-Br-26-10-2015.pdf.

World Health Organization. (2003). The World Health Report: 2003: Shaping the Future. Retrieved from https://www.who.int/whr/2003/en/whr03_en.pdf.

World Health Organization. (2006). Defining Sexual Health: Report of a Technical Consultation on Sexual Health. Retrieved from https://www.who.int/reproductivehealth/publications/sexual_health/defining_sexual_health.pdf.

Wurtele, S. K., Simons, D. A., & Parker, L. J. (2018). Understanding Men’s Self-Reported Sexual Interest in Children. Archives of Sexual Behavior, 47(8), 2255-2264. Doi: 10.1007/s10508-018-1173-z.

Downloads

Publicado

2024-10-22

Artigos Semelhantes

1-10 de 97

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.