
O presente ensaio pretende discutir a partir dos textos “Como eu me sinto uma pessoa de cor” (Hurston, 2021a) e “O sistema “negro de estimação” (Hurston, 2021b) parte do pensamento da antropóloga negra Zora Neale Hurston e suas contribuições ao campo de estudos das relações de poder. O fio condutor do ensaio será as discussões propostas a partir de (Hurston, 2021b), de maneira a entender como esta é uma análise que consegue complexificar a relação racial – demarcando um sistema que possibilita diferentes possibilidades de relações de poder, sem negar as assimetrias e violências que perpassam a racialização dos sujeitos, mas com um olhar atento àquilo que escapa ao maniqueísmo dicotômico. Por outro lado, argumento que essa preocupação analítica sobre como se estrutura o racismo no Sul dos Estados Unidos na primeira parte do século XX só se torna possível a partir da autopercepção de Hurston sobre sua condição de humana marcada enquanto pessoa negra (Hurston, 2021a).