Coletivo Pixote intervém
O Teatro do Oprimido e a Socioeducação
DOI:
https://doi.org/10.17851/1982-0739.24.1.27-47Palavras-chave:
Socioeducação, Teatro do Oprimido, improvisação, Direitos HumanosResumo
Este artigo apresenta e discute a experiência do Coletivo Pixote ao longo do desenvolvimento do projeto “Pixote intervém: ações colaborativas junto à Fundação da Criança e do Adolescente (FUNDAC)” ressaltando as especificidades do trabalho formativo educacional no contexto da socioeducação, a partir da realização de oficinas de criação artísticas interdisciplinares orientadas pelos princípios do Teatro do Oprimido. A proposta foi pensada e executada considerando a necessidade de um diálogo entre as atividades acadêmicas às quais se dedicam os estudantes do curso de Letras/Espanhol e a militância aplicada, através da prática teatral no âmbito da socioeducação. Assim, abordarei o contexto de execução do projeto e a importância do Teatro do Oprimido como seu principal orientador metodológico, chamando atenção para a forma como esta metodologia se desenvolveu ao longo das oficinas permitindo-nos vivenciá-las como um laboratório de experimentos na procura de uma linguagem teatral e por uma convivência afetiva entre os adolescentes e profissionais. Para tanto, utilizarei os insumos teóricos de Agusto Boal (2009, 2015) e suas considerações sobre o teatro do oprimido; os estudos de Mariana Lima Muniz, sobre improvisação teatral; ensaios críticos de Angela Davis (2016), sobre a conjuntura do sistema carcerário e sua relação com questões étnico-raciais e Judith Butler (2015) e sua crítica às políticas de enquadramentos e violências inerentes à vida e à morte de minorias na contemporaneidade. Finalmente, faremos a exposição dos “reafectos criativos”, isto é, das reações que partindo de uma convivência afetiva durante as oficinas propiciou a criação artística dos adolescentes.Referências
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