AQUÉM DA LINGUAGEM
O INDIZÍVEL NA POESIA DE PAUL CELAN
DOI:
https://doi.org/10.17851/1982-0739.16.1.84-90Resumo
A aporia entre trauma e representação, presente na poesia celaniana, é amiúde contraposta ao “dictum” adorniano da impossibilidade da lírica após Auschwitz. No presente trabalho, pretende-se discorrer sobre tal aporia, a partir do legado de Celan. Vislumbra-se a saída do impasse através de uma ética da representação, que não repete o trauma obscenamente ou se cala, mas incorpora o silêncio. Assim, a poética de Celan cita o ocorrido, evocando-o metonimicamente, à maneira da madeleine proustiana. Deparamo-nos com uma lírica indicial que, como cicatriz ou ruína, é contígua à memória.Referências
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