Teorias implícitas de profissionais da Educação sobre crianças, adolescentes e famílias em situação de pobreza

Autores

Palavras-chave:

Teorias implícitas, Crenças, Escola pública, Pobreza, Profissionais da Educação

Resumo

O presente estudo teve por objetivo investigar teorias implícitas dos profissionais da Educação sobre crianças, adolescentes e famílias em situação de pobreza. Participaram 102 profissionais da Educação de escolas públicas, sendo utilizados instrumentos de evocação livre de palavras e ideias. As análises realizadas foram de cunho qualitativo e quantitativo para propiciar uma visão mais integrativa do fenômeno. Os resultados evidenciaram que grande parte dos profissionais atribuiu adjetivos negativos às crianças, adolescentes e famílias pobres. Apesar da expressiva maioria (65%) dos educadores ter formação superior em nível de pós-graduação, as percepções dos profissionais foram negativas, independentemente de sua experiência anterior de trabalho direto com essas populações. Concluímos que é premente a elaboração de intervenções com conhecimentos específicos sobre o fenômeno da pobreza e privação social para provocar uma reflexão macrossistêmica desses agentes sobre o trabalho com populações que vivem as adversidades da situação de pobreza.

Biografia do Autor

  • Celia Nonato, Universidade Salgado de Oliveira

    Psicóloga, Mestre em Educação, Faculdade de Formação de Professores FFP- UERJ, Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Salgado de Oliveira, UNIVERSO, Pesquisadora do Centro de Referência e Atenção às Famílias e Profissionais e Agentes Sociais- CRAFPAS/Universo. 

  • Maria Angela Mattar Yunes, Universidade Salgado de Oliveira

    Psicóloga, Mestre em Psicologia, University of Dundee, Escócia, Doutora em Educação: Psicologia da Educação (PUC/SP), Pesquisadora do CNPq. Professora permanente no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Salgado de Oliveira, UNIVERSO, Niterói, RJ e colaboradora no Programa de Pós-Graduação em Educação na Universidade La Salle, UNILASALLE/Canoas. Coordenadora do Centro de Referência e Atenção às Famílias e Profissionais e Agentes Sociais- CRAFPAS/Universo.

  • Luara Carvalho, Universidade Salgado de Oliveira

    Psicóloga, Mestre e Doutoranda em Psicologia do Trabalho e das Organizações. Professora em Pós-Graduação Lato-sensu na Universidade Salgado de Oliveira na Universidade Unigrario.

Referências

Amatea, E. S., Cholewa, B., & Mixon, K. A. (2012). Influencing Preservice Teachers’ Attitudes About Working with Low-Income and/or Ethnic Minority Families. Urban Education, 47(4), 801-834. Retrieved from https://doi.org/10.1177/0042085912436846.

Angelucci, C. B., Kalmus, J., Paparelli, R., & Patto, M. H. S. (2004). O estado da arte da pesquisa sobre o fracasso escolar (1991-2002): um estudo introdutório. Educação e Pesquisa, 30(1), 51-72. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S1517-97022004000100004.

Bronfenbrenner, U. (1996). A ecologia do desenvolvimento humano: experimentos naturais e planejados (M. A. V. Veronese, Trad.). Porto Alegre: Artmed.

Bronfenbrenner, U. (2011). Bioecologia do desenvolvimento humano: tornando os seres humanos mais humanos. Porto Alegre: Artmed.

Bronfenbrenner, U., & Morris P. (1998). The Ecology of Developmental Processes. In W. Damon (Ed.). Handbook of Child Psychology (pp. 993-1027). New York, NY: John Wiley & Sons.

Brophy, J. E. (1983). Research on the Self-Fulfilling Prophecy and Teacher Expectations. Journal of Educational Psychology, 75(5), 631-661. Retrieved from https://doi.org/10.1037/0022-0663.75.5.631.

Cochran-Smith, M., & Villegas, A. (2016). Preparing Teachers for Diversity and High-Poverty Schools: A Research-Based Perspective. In J. Lampert & B. Burnett (Eds.). Teacher Education for High Poverty Schools. Education (Vol. 2, pp. 9-31). Doi: https://doi.org/10.1007/978-3-319-22059-8.

Conceição, V. L., & Zamora, M. H. (2015). Desigualdade social na escola. Estudos de Psicologia, 32(4), 705-714. Recuperado de https://dx.doi.org/10.1590/0103-166X2015000400013.

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. (1988). Brasília, DF. Recuperado de https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.

Curi, P. R. (1980). Associação, homogeneidade e contrastes entre proporções em tabelas contendo distribuições multinomiais. Ciência e Cultura, 33(5), 713-722. Recuperado de https://ci.nii.ac.jp/naid/10027479268/.

De La Barra, A. V. N. (2016). Facilitadores de reflexión docente durante la práctica profesional en escuelas vulnerables de Concepción. Educadi, 1(1), 41-54. Doi: 10.7770/EDUCADI-V1N1-ART995.

Domingues, A. L. (2013). Imagens associadas às famílias de crianças e jovens em acolhimento institucional. Dissertação de mestrado não publicada, Instituto Universitário de Lisboa, Lisboa, Portugal.

D’Haem, J., & Griswold, P. (2017). Teacher Educators’ and Student Teachers’ Beliefs About Preparation for Working with Families Including Those from Diverse Socioeconomic and Cultural Backgrounds. Education and Urban Society, 49(1), 81-109. Retrieved from https://doi.org/10.1177/0013124516630602.

Engler, J. N., Strassle, C. G., & Steck, L. W. (2019). The Impact of a Poverty Simulation on Educators’ Attributions and Behaviors. The Clearing House: A Journal of Educational Strategies, Issues and Ideas, 92(4-5), 174-182. Doi: 10.1080/00098655.2019.1648233.

Epstein, J. L. (2011). School, Family, and Community Partnerships: Preparing Educators and Improving Schools. Baltimore, Johns Hopkins University: Westview Press.

Glidden, R. F. (2018). Comunicação família e escola: tensões e desafios. Revista da Faculdade de Educação, 29(1), 159-74. Doi: 10.30681/21787476.2018.29.159174.

Garcia, N. M., & Yunes, M. A. M. (2006). Resiliência familiar: baixa renda e monoparentalidade. In D. Dell’Aglio, S. H. Koller & M. A .M. Yunes (Eds.). Resiliência e psicologia positiva: interfaces do risco à proteção (pp. 117-140). São Paulo: Casa do Psicólogo.

Gómez-Nocetti, V., Gutiérrez-Rivera, P., Gaete-Silva, A., & Marqués-Rosa, M. L. (2019). Creencias de los formadores de profesores de distinto tipo de universidades sobre escuelas en contextos de pobreza. Formación universitaria, 12(1), 95-108. Recuperado de https://dx.doi.org/10.4067/S0718-50062019000100095.

Gibson, E. L., & Barr, R. D. (2017). Building a Culture of Hope: Exploring Implicit Biases Against Poverty. National Youth-At-Risk Journal, 2(2). Doi: 10.20429/Nyarj.2017.020203.

Gorski, P. (2016). Poverty and the Ideological Imperative: A Call to Unhook from Deficit and Grit Ideology and to Strive for Structural Ideology in Teacher Education. Journal of Education for Teaching, 42(4), 378-386. Doi: 10.1080/02607476.2016.1215546.

Hornby, G., & Lafaele, R. (2011). Barriers to Parental Involvement in Education: An Explanatory Model. Educational Review, 63(1), 37-52. Doi: 10.1080/00131911.2010.488049.

Larocca, P., Prachum, B. N., & Santos, N. (2016). Representações dos professores sobre adolescentes estudantes da escola pública. Olhar de Professor, 19(1), 84-106. Recuperado de http://www.uepg.br/olhardeprofessor.

Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. (1996). Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF. Recuperado de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm.

Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. (1990). Dispões sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Brasília, DF. Recuperado de http://www.planalto.gov.br/.

Matos, L. A., Cruz, E. J. S., Santos, T. M. dos, & Silva, S. S. C. (2018). Resiliência familiar: o olhar de professores sobre famílias pobres. Psicologia Escolar e Educacional, 22(3), 493-501. Recuperado de https://dx.doi.org/10.1590/2175-35392018038602.

Navarro, L. (2004). La escuela y las condiciones sociales para aprender y enseñar: equidad social y educación en sectores de pobreza urbana. Buenos Aires: Instituto Internacional de Planeamiento de la Educación IIPE. Unesco.

Neri, M. C. (2019). A escalada da desigualdade: qual foi o impacto da crise sobre a distribuição de renda e a pobreza? Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas. Recuperado de https://www.cps.fgv.br/cps/bd/docs/A-Escalada-da-Desigualdade-Marcelo-Neri-FGV-Social.pdf.

Paulilo, A. (2017). A compreensão histórica do fracasso escolar no Brasil. Cadernos de Pesquisa, 47(166), 1252-1267. Recuperado de https://doi.org/10.1590/198053144445.

Patto, M. H. S. (1988). O fracasso escolar como objeto de estudo: anotações sobre as características de um discurso. Cadernos de Pesquisa, 65, 72-77. Recuperado de https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=6208435.

Patto, M. H. S. (2015). A produção do fracasso escolar: histórias de submissão e rebeldia (4a ed.). São Paulo: Casa do Psicólogo.

Petrucci, G. W., Borsa, J. C., & Koller, S. H. (2016). A família e a escola no desenvolvimento socioemocional na infância. Temas em Psicologia, 24(2), 391-402. Recuperado de https://dx.doi.org/10.9788/TP2016.2-01Pt.

Polonia, A. C., & Dessen, M. A. (2005). Em busca de uma compreensão das relações entre família e escola. Psicologia Escolar e Educacional, 9(2), 303-312. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S1413-85572005000200012.

Rissanen I., Kuusisto, E., Hanhimäki, E., & Tirri K. (2018) Teachers’ Implicit Meaning Systems and Their Implications for Pedagogical Thinking and Practice: A Case Study from Finland, Scandinavian. Journal of Educational Research, 62(4), 487-500. Doi: 10.1080/00313831.2016.1258667.

Rodrigo, M. J., Rodrígues, A., & Marrero, J. (1993). Las teorías implícitas: una aproximación al conocimiento cotidiano. Madrid: Visor.

Rutter, M. (2012). Resilience as a Dynamic Concept. Development and Psychopathology, 24(2), 335-344. Retrieved from https://doi.org/10.1017/S0954579412000028.

Saraiva-Junges, L. A, & Wagner, A. (2013). A relação família-escola sob a ótica de professores e pais de crianças que frequentam o Ensino Fundamental. Ensaio: Aval. Pol. Públ. Educ., 21, 81,739-772. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S0104-40362013000400006.

Saraiva-Junges, L. A., & Wagner, A. (2016). Os estudos sobre a relação família-escola no Brasil: uma revisão sistemática. Educação, 39(Esp), s114-s124. Recuperado de https://www.redalyc.org/pdf/848/84850103013.pdf.

Tobisch, A., & Dresel, M. (2020). Fleißig oder faul? Welche Einstellungen und Stereotype haben angehende Lehrkräfte gegenüber Schüler* innen aus unterschiedlichen sozialen Schichten?. In Stereotype in der Schule (pp. 133-158). Springer VS, Wiesbaden. Recuperado de https://doi.org/10.1007/978-3-658-27275-3_5.

Wagner, A., González, M. del L. T., Saraiva-Junges, L. A., & Hernández, E. (2019). Los docentes frente a las demandas de las famílias: aproximando contextos. Revista Eletrônica de Educação, 13(2), 600-618. Recuperado de http://dx.doi.org/10.14244/198271992543.

Waiselfisz, J. J. (2015). Mapa da violência: adolescentes de 16 e 17 anos do Brasil. Rio de Janeiro: Flacs. Recuperado de http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2015/mapaviolencia2015_adolescentes.

Williams, J. M., Greenleaf, A. T., Barnes, E. F., & Scott, T. R. (2019). High-Achieving, Low-Income Students’ Perspectives of How Schools Can Promote the Academic Achievement of Students Living in Poverty. Improving Schools, 22(3), 224-236. Retrieved from https://doi.org/10.1177/1365480218821501.

Yunes, M. A. M., & Szymanski, H. (2001). Resiliência: noção, conceitos afins e considerações críticas. In J. Tavares (Ed.). Resiliência e Educação (pp. 13-42). São Paulo: Cortez.

Yunes, M. A. M., Garcia, N. M., & Albuquerque, B. de M. (2007). Monoparentalidade, pobreza e resiliência: entre as crenças dos profissionais e as possibilidades da convivência familiar. Psicologia: Reflexão e Crítica, 20(3), 444-453. Recuperado de https://doi.org/10.1590/S0102-79722007000300012.

Yunes, M., A. M., & Szymanski, H. (2003). Crenças, sentimentos e percepções acerca da noção de resiliência em profissionais da Saúde e Educação que atuam com famílias pobres. Psicologia da Educação, 17, 119-137. Recuperado de http://ken.pucsp.br/psicoeduca/article/view/30846.

Zappe, J. G., Yunes, M. A. M., & Dell’Aglio, D. D. (2016). Imagens sociais de famílias com crianças e adolescentes: impacto do status socioeconômico e da institucionalização. Pensando Famílias, 20(1), 83-98. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/pdf/penf/v20n1/v20n1a07.pdf.

Downloads

Publicado

2024-10-22

Artigos Semelhantes

11-20 de 95

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.