A realização de artigo feminino diante de antropônimo masculino
uma análise sociolinguística sobre o sentimento de inclusão de universitários recifenses
DOI:
https://doi.org/10.17851/2237-2083.31.2.616-635Palavras-chave:
atitude linguística, artigo, antropônimo, gênero, inclusãoResumo
Pesquisas sociolinguísticas verificam que o português brasileiro dispõe de duas variantes no domínio do sintagma nominal: (a) realização de artigo definido antes de antropônimo (ex.: O João) e (b) não-realização de artigo definido antes de antropônimo (ex: João). A variação dessas formas está relacionada, por exemplo, à influência da variável diatópica: em cidades do nordeste, predomina a não realização, contrariamente ao que ocorre em cidades do sul e do sudeste (CALLOU; SILVA, 1997; VERÍSSIMO, 2021). Ademais, há outra forma linguística ainda pouco investigada em que há realização de artigo feminino diante de antropônimo masculino (ex.: A João). O uso dessa variante está emergindo e é encontrado na fala de membros da comunidade LGBT+. Diante disso, objetiva-se nesta pesquisa investigar o sentimento de inclusão de estudantes universitários que moram em Recife sobre o uso dessa variante. Para tanto, selecionaram-se 60 falantes (30 estudantes que pertencem à comunidade LGBT+ e 30 estudantes que não pertencem a essa comunidade), para os quais testes de atitudes linguísticas, seguindo a escala Likert (1932), foram aplicados. Os resultados mostram que a variante emergente sofre influência da comunidade: o grupo LGBT+ se sente incluído pelo uso dessa variante, ao contrário do grupo que não pertence a essa comunidade.