Publicado 20-01-2025
Palavras-chave
- Psicanálise,
- Colonialidade,
- Inconsciente,
- Clínica
Copyright (c) 2024 Andréa Máris Campos Guerra

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Resumo
Nosso propósito é delinear orientações para a clínica psicanalítica numa perspectiva decolonial. Para isso, trabalhamos teoricamente com a lógica da predicação e a defesa inconsciente da cripta. Utilizamos as três declinações predicativas “eu sou”, “tu és”, “ele é”, destacando a função destinal e mortífera desta última. E tomamos a cripta como corrupção sígnica a partir da semiótica de Pierce. Recorremos a elementos da cultura brasileira e a uma intervenção realizada em quilombo urbano para evidenciar como esses elementos conceituais tornam-se chave de leitura e interpretação para a clínica psicanalítica. Retomamos autoras decoloniais e concluímos pela discussão de seis princípios clínicos: escavar uma memória para o futuro, fissurar o discurso ideológico vigente; nomear o gozo ou construir um discurso sobre si mesmo; operar com os destroços da língua, abrindo fendas na significação arbitrada pelo Outro; assim, fissurar a defesa estruturada pela cripta; e, finalmente, recompor a história e assumir seu lugar de responsabilidade na mesma.
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