v. 5 n. 2 (2024): Dossiê - Para uma crítica da razão (de)colonial (jul/dez 2024)
Dossiê especial

Psicanálise Severina

Andréa Máris Campos Guerra
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil
Biografia

Publicado 20-01-2025

Palavras-chave

  • Psicanálise,
  • Colonialidade,
  • Inconsciente,
  • Clínica

Como Citar

Psicanálise Severina. (Des)troços: revista de pensamento radical, Belo Horizonte, v. 5, n. 2, p. e56176, 2025. DOI: 10.53981/destroos.v5i2.56176. Disponível em: https://periodicos-hml.cecom.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/article/view/56176. Acesso em: 6 out. 2025.

Resumo

Nosso propósito é delinear orientações para a clínica psicanalítica numa perspectiva decolonial. Para isso, trabalhamos teoricamente com a lógica da predicação e a defesa inconsciente da cripta. Utilizamos as três declinações predicativas “eu sou”, “tu és”, “ele é”, destacando a função destinal e mortífera desta última. E tomamos a cripta como corrupção sígnica a partir da semiótica de Pierce. Recorremos a elementos da cultura brasileira e a uma intervenção realizada em quilombo urbano para evidenciar como esses elementos conceituais tornam-se chave de leitura e interpretação para a clínica psicanalítica. Retomamos autoras decoloniais e concluímos pela discussão de seis princípios clínicos: escavar uma memória para o futuro, fissurar o discurso ideológico vigente; nomear o gozo ou construir um discurso sobre si mesmo; operar com os destroços da língua, abrindo fendas na significação arbitrada pelo Outro; assim, fissurar a defesa estruturada pela cripta; e, finalmente, recompor a história e assumir seu lugar de responsabilidade na mesma.

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