Teatro, prisão e a busca por novos imaginários possíveis
a extensão universitária e o abolicionismo penal no ensino de artes cênicas
DOI:
https://doi.org/10.35699/2238-2046.2025.53524Palavras-chave:
teatro, artes cênicas, abolicionismo penal, Extensão Universitária, ficção visionáriaResumo
Este artigo compartilha os procedimentos que inauguram o programa de extensão “Teatro, Prisão e a busca por novos imaginários possíveis”, iniciado em abril de 2024, no CAC/ECA/USP, que emerge da junção de duas pesquisas doutorais desenvolvidas no GRUPO DE PESQUISA/PPGAC/ECA/USP, dos pesquisadores Murilo Moraes Gaulês e Nalanita Prette ambos orientados pela professora Dra. Maria Helena Franco de Araújo Bastos. Os estudos desdobram-se acerca dos modos de produção de artes cênicas em instituições prisionais, ao visar os fazeres artísticos como estratégias políticas com o foco em trazer, para a centralidade, pessoas privadas de liberdade. No programa de extensão, além de compartilhar as produções acadêmicas, são abraçados estudantes da graduação, pós-graduação e comunidade externa da USP, convocando a tríade da universidade brasileira: ensino, pesquisa e extensão. Nesse sentido, compartilhamos a nossa metodologia central de trabalho, a técnica de produção em ficção visionária, criada pela escritora, ativista e educadora Walida Imarisha (2016). Compartilhamos também os diálogos com referências como a pesquisadora e artista brasileira Jota Mombaça (2013) e com o pesquisador, político e ativista Abdias Nascimento (2023), que ancoram nossa confabulação com o abolicionismo penal alicerçado em nossa práxis artística. O escrito passeia por dados e pela historiografia do sistema prisional do estado de São Paulo de maneira concisa, visto que é esse o local em que o programa de extensão vem atuando.
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