v. 5 n. 2 (2024): Dossiê - Para uma crítica da razão (de)colonial (jul/dez 2024)
Dossiê especial

Decolonizar o pensamento decolonial: críticas teóricas mais ao sul do Sul global

Bruno dos Santos Joaquim
Universidade do Algarve (UAlg), Faro, Portugal
Biografia

Publicado 08-12-2024

Palavras-chave

  • decolonialidade,
  • teoria decolonial,
  • Sul global

Como Citar

Decolonizar o pensamento decolonial: críticas teóricas mais ao sul do Sul global. (Des)troços: revista de pensamento radical, Belo Horizonte, v. 5, n. 2, p. e53997, 2024. DOI: 10.53981/destroos.v5i1.53997. Disponível em: https://periodicos-hml.cecom.ufmg.br/index.php/revistadestrocos/article/view/53997. Acesso em: 7 out. 2025.

Resumo

O pensamento decolonial vem, na última década, tornando-se pujante no campo das ciências humanas no Brasil, sobretudo por meio da introdução de teorias produzidas pelo Grupo Modernidade/Colonialidade e por Boaventura de Sousa Santos. Esses autores assumiram centralidade nos referenciais teóricos das produções acadêmicas com esta abordagem, produzindo um sentido de hegemonia sobre uma epistemologia que se propõe contra-hegemônica. Este ensaio teórico-conceitual tem por objetivo destacar as mais relevantes críticas à hegemonia e centralidade adquiridas pelo Grupo e por Boaventura de Sousa Santos: a proeminência de homens brancos, a ausência de autores e autoras brasileiros entre os seus expoentes, a secundarização das questões de gênero e de raça, a predileção pelos estudos epistemológicos e a sua excessiva tendência academicista. Também se analisam algumas contribuições de outras vozes decoloniais, posicionadas mais ao sul do Sul Global, como Silvia Rivera Cusicanqui e Ailton Krenak. Conclui-se que a existência de uma hegemonia no campo decolonial é um indício da necessidade de decolonizá-lo, sobretudo buscando ouvir também as vozes que falam mais ao sul do Sul Global. Aponta-se para a necessidade de se colocar diferentes perspectivas decoloniais em diálogo radical, sem temer tensões e sem fugir de inflexões.

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