Decolonialidade e contravisualidade no cinema de horror negro brasileiro: uma análise a partir de Gênesis 22 (1999) de Jeferson De
Publicado 22-01-2025
Palavras-chave
- Cinema Negro,
- Horror,
- Decolonialidade,
- Contravisualidade
Copyright (c) 2024 Lucas Bitencourt Fortes, Daniela Ripoll

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Resumo
O presente artigo objetiva discutir o cinema de horror negro brasileiro, conectando-o à abordagem decolonial e ao conceito de contravisualidade, a partir de uma análise do curta-metragem Gênesis 22 (1999), do diretor Jeferson De. Para tanto, parte-se do campo teórico dos Estudos Culturais, fazendo uso de um tripé metodológico composto por etnografia de tela, metodologia visual crítica e análise cultural. Entende-se que os sujeitos negros, por muitos anos, enfrentaram uma série de problemáticas no mundo do audiovisual, relacionadas à invisibilidade e à estereotipagem, muitas das quais, infelizmente, ainda se fazem presentes. Assim, tem-se uma reação com o surgimento do cinema negro, o qual passa a manifestar um caráter decolonial e contravisual. Nota-se que esse cinema se refere a um cinema amplo, abrangendo inclusive o gênero de horror. Com a análise de Gênesis 22 (1999), de Jeferson De, evidencia-se a potencialidade do cinema negro, mesmo no que se refere ao gênero de horror, contribuindo de forma significativa para a reflexão e problematização das visualidades hegemônicas. Mais ainda, trata-se de uma produção que, apesar de sua curta duração, produz ensinamentos importantes sobre o contexto sociocultural a partir do qual surge.
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